11 de abril de 2010

Caso Watergare - O poder do Jornalismo Investigativo

Por Francismar Germano


Na madrugada do dia 17 de junho de 1972, cinco homens vestindo terno e gravata, calçando luvas cirúrgicas e carregando milhares de dólares nos bolsos foram surpreendidos arrombando o escritório do Comitê Nacional do Partido Democrata, localizado no sexto andar do edifício Watergate, em Washington, capital dos Estados Unidos.
O crime chamou a atenção de Carl Bernstein e Bob Woodward, dois jovens repórteres do jornal "The Washington Post", um dos mais importantes do país. Eles passaram a seguir as pistas com ajuda de uma fonte sigilosa que, por 33 anos foi conhecida apenas como “Garganta Profunda”.
As matérias do "Post" revelaram que Nixon fez um "caixa dois" de campanha, ou seja, fundos com dinheiro não declarado, para financiar operações de espionagem aos democratas. O objetivo era encontrar algo desfavorável aos adversários para ser usado como arma de campanha, de forma a garantir a vitória nas urnas.
Oficialmente, a Casa Branca não comentava o assunto. Ao longo dos dois anos seguintes, Nixon negou qualquer envolvimento com os fatos ao mesmo tempo em que, nos bastidores, montava uma "força tarefa" para obstruir as investigações da polícia e difamar o jornal.
Mark Felt, era na época o segundo homem na direção do FBI, a polícia federal norte-americana.Em 2005 ele revelou ser a fonte anônima mais bem guardada das últimas décadas. A contribuição do ex-agente do FBI às matérias publicadas no "Post" culminaria, dois anos depois da invasão ao quartel-general dos democratas, com a primeira renúncia de um presidente norte-americano e mudaria para sempre o cenário político da maior potência mundialWatergate entraria para a história como o mais famoso escândalo dos anos 70, e Garganta Profunda, como o personagem mais misterioso da política dos Estados Unidos.
Collor de Mello x Watergate
A sombra do Watergate paira como um emblema sobre as redações do mundo todo. No Brasil, nós também tivemos o nosso Watergate: a cobertura que resultou no impeachment do presidente Fernando Collor de Mello. Uma boa parte desta cobertura foi contada nos vários livros publicados sobre o assunto. Houve uma pequena reportagem, no entanto, que acabou esquecida e, apesar de ter sido o estopim de todo o caso, é pouco lembrada como tal. Assinada pelo jornalista Eduardo Oinegue, uma matéria publicada em VEJA já alertava que Pedro Collor ameaçava contar o que sabia sobre os esquemas do seu irmão presidente. Detalhe: seis meses antes da fatídica entrevista.
Depois da primeira reportagem, Oinegue, então chefe da sucursal VEJA em Brasília, escalou um jovem repórter de sua equipe, Lula Costa Pinto, para "colar" em Pedro. Ao contrário de seus colegas do New York Times, que menosprezaram as informações que possuíam, Oinegue vislumbrou logo o que poderia resultar daquela briga de irmãos. O resultado foi a brilhante entrevista que marcou a história política do Brasil.

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