27 de março de 2010

Guerra no século XXI


Por Hadassa Ester

Trabalhando como correspondente da Rádio e Televisão Portuguesa (RTP), o repórter Carlos Fino transmitiu para o Brasil as primeiras imagens da guerra no Iraque em 2003, através da TV Cultura.

Ouve – se uma explosão e o hotel treme. Parece que a guerra vai começar. Soa pela primeira vez o grito lancinante das sirenes. Era o início da Segunda Guerra do Golfo.

À medida que se agudiza o confronto com os EUA, o regime de Sadam mostra – se cada vez mais interessado em ter por perto televisões ocidentais que possam veicular alguns dos seus pontos de vista.


O dinheiro do petróleo que passa à margem do controle da ONU não resolve tudo, embora tenha havido algumas melhorias nos últimos cinco anos, as sanções continuam a ter um enorme impacto negativo.


Para os americanos, o regime de Sadam é um mal em si mesmo e dado seu histórico – encobrimento de programas de armamento, utilização de armas químicas contra os curdos em Halabja, em 1988, invasão do Kweit – não merece nenhuma confiança.


O raciocínio parece ser – se Sadam já tem armas e não as revela, está infringindo as resoluções da ONU (o que só por si justifica uma intervenção), mas se não as tem ainda pode vir a tê–las e passá – las aos terroristas, o que seria ainda pior, pelo que se justifica uma ação preventiva.
As ligações do regime iraquiano à Al – Qaeda não foram até agora provadas e os próprios especialistas reconhecem que as armas químicas são difíceis de usar em ações terroristas, dado o enorme volume a que seria necessário recorrer.


Mas as armas biológicas, como o antrax, são bem mais fáceis de manusear, basta um grama: contém um trilhão de esporos, o suficiente para cem mil doses letais.


O vice – primeiro - ministro Tarik Aziz disse que a questão é política e que os EUA não respeitam as normas do Direito Internacional e querem impor a sua vontade a outros países soberanos. Se houvesse vontade de diálogo, tudo seria diferente, assim só podemos resistir.
Para os iraquianos, a razão das pressões americanas é outra – a ambição de controlar as fontes de energia, o petróleo e controlar suas riquezas.


Começa a guerra e eles vêem os clarões dos rebentamentos, o estrondo das explosões, levanta – se chamas e nuvens de fumaça. Por vezes, o sopro do impacto atinge – os e chega a rebentar vidros, a terra treme e faz balançar o hotel.


Bagdá já não é a mesma, as colunas de fumaça fundem – se numa enorme nuvem que cobre a cidade, o ar torna – se mais difícil de respirar, um cheiro de combustível queimado invade tudo.
O hotel é atingido. Ao partir, a equipe da RTP é vítima de agressão por parte da população iraquiana.


Um popular retira a bandeira americana do rosto de Sadam, substituindo – a por uma bandeira do Iraque.
Surgem as primeiras manifestações de desagrado. Os iraquianos esperavam que a América derrubasse Sadam* e não que o Iraque começasse a ser destruído.


Como irá o Iraque evoluir? Que mais irá acontecer? Por quanto tempo irão os iraquianos, tão orgulhosos de seu sentimento nacional, conviver com a presença de tropas estrangeiras em seu território?

* Durante 24 meses, Saddam permaneceu sob custódia das forças norte-americanas, à espera de ser julgado por um Tribunal Especial iraquiano patrocinado pelos Estados Unidos, que em 19 de outubro de 2006 iniciou o processo contra o ex-ditador e o condenou à morte na forca em 5 de novembro de 2006.

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